domingo, 19 de julho de 2015

Vanessa Rodrigues, distribuidora e capitã da Seleção Nacional: "Cada época que começa é sempre um novo desafio"



Capitã da Seleção Nacional, Vanessa Rodrigues pratica voleibol desde os 8 anos e, aos 27, soma já no seu currículo diversos títulos a nível nacional. Médica de profissão, a distribuidora, natural do Porto, passou por vários clubes, entre eles Boavista FC, no qual fez a sua formação, GDC Gueifães, CA Trofa, CD Ribeirense, Leixões SC e, mais recentemente, Porto Vólei. 

Além-fronteiras, a atleta teve a oportunidade de representar o Pindamonhangaba, em São Paulo, Brasil.    
Na próxima época, envergará a camisola do Atlético Voleibol Clube – Famalicão. Estivemos à conversa com Vanessa Rodrigues, que nos contou o seu esforço em conciliar a paixão pelo voleibol com a sua profissão, bem como as suas perspectivas para o futuro.


1 – Como nasceu a sua paixão pelo voleibol?
Após quase 20 anos a jogar voleibol, lembro-me como se tivesse sido ontem a primeira vez que entrei no velhinho pavilhão Acácio Lelo do Boavista FC, foi muito marcante, acho que foi “amor à primeira vista”. Gradualmente foi aumentando o meu interesse e gosto pela modalidade e aqui estou eu, ainda hoje, a jogar por nesses pavilhões fora.

2- Como consegue conciliar a sua profissão com o voleibol?
Torna-se cada vez mais difícil conciliar, sou sincera. Desde que terminei a faculdade penso em deixar de jogar, no entanto a paixão tem falado mais forte e tenho à minha volta pessoas que amam tanto o voleibol como eu e fazem-me querer continuar a jogar.

3- Visto já ter um vasto palmarés, já atingiu todos os seus objectivos no voleibol? O que sente que faz falta ou ambiciona no voleibol?
A nível nacional, já conquistei tudo o que poderia conquistar, é verdade, mas cada época que se inicia, começa tudo do zero, quero ganhar tudo novamente.
Penso que no voleibol nacional falta uma maior aposta na seleção sénior feminina e mesmo por partes dos clubes uma maior aposta na participação nas competições europeias, ambiciono ainda poder conquistar algo nesse nível.

4 – Sente uma maior pressão por ser capitã?
Não sinto uma maior pressão, mas tenho consciência das responsabilidades inerentes. Defendo a minha equipa com “unhas e dentes”, respeitando cada uma das atletas mas também exigindo sempre o máximo.

5 – Qual a grande diferença entre ser capitã de um clube e da Selecção Nacional?
Representar a seleção nacional é um orgulho para mim e ter o privilégio de ser a capitã é uma honra indescritível. Não encontro grandes diferenças, assumo o meu papel de igual forma.

6 – Como foi a experiência no clube Pindamonhanga (SP – Brasil). A que se deveu essa mudança?
A minha experiência no Brasil deveu-se a um convite para representar a cidade de Pindamonhangaba nos chamados Jogos Regionais do estado de São Paulo. Estava em período de férias aqui em Portugal e tinha na equipa algumas jogadoras conhecidas. A integração foi fácil.

7 – Quais foram as grandes diferenças sentidas em comparação com o voleibol nacional?
Estes Jogos Regionais juntam atletas na sua maioria brasileiras e há cidades que montam equipas tradicionalmente fortes. O nível dos jogos foi intenso, encontrei jogadoras com muita qualidade.


8 – Como classificaria o momento do Voleibol feminino português?
Penso que o voleibol feminino português passou por um mau bocado, mas agora está a dar sinais que pode voltar a crescer, mas depende de todos os intervenientes, desde as atletas à Federação.  
 
9 – Encara a próxima época como um novo desafio?
Cada época que começa é sempre um novo desafio. Após dois anos consecutivos de sucesso na minha carreira desportiva irei integrar um novo projeto muito aliciante, mas os objetivos são os mesmos.

10 – Na sua opinião, qual o treinador que mais a fez crescer no voleibol?
É difícil dar destaque a um treinador só, todos deixaram a sua “marca”. A ter que destacar algum, sem dúvida que foi o professor José Machado que mais me fez crescer no voleibol. Foi-me buscar para a equipa sénior aos 15 anos, acreditou e apostou em mim, e mais do que isso, fez-me acreditar que era capaz de conquistar tudo o que já conquistei hoje e mais.

11 – Como vê o futuro do voleibol feminino a nível nacional?
Tal como disse anteriormente, o futuro dependerá de todos os intervenientes, do querer, da vontade, do espirito de sacrifício, de entrega e de trabalho de todas as atletas, do trabalho sério e correto dos treinadores, da aposta dos clubes e da responsabilidade da federação.

12 – Numa palavra, como define o voleibol?
Se me permitirem prefiro utilizar uma expressão que me tem acompanhado na minha carreira: “Voleibol: Não apenas o que faço mas o que sou!”"Voleibol: Não apenas o que faço mas o que sou!""Voleibol: Não apenas o que faço mas o que sou!""Voleibol: Não apenas o que faço mas o que sou!"

quarta-feira, 6 de agosto de 2014

Conversa com Hugo Silva, Seleccionador Nacional de Seniores Masculinos



Natural de Vila Nova de Gaia, Hugo Armando Teixeira da Silva, de 39 anos, é treinador de Nível III e Seleccionador Nacional de Seniores Masculinos. Iniciou a sua carreira de treinador no GDC Gueifães. Já no comando técnico do SC Espinho, sagrou-se campeão nacional da I Divisão e conquistou uma Taça de Portugal e encontra-se ligado à Selecção Nacional desde 2005.




1. Como nasceu a sua paixão pelo voleibol?
Na verdade tudo começou por influência de uma irmã que jogou Voleibol e que fez despertar em mim a paixão pela modalidade. Depois com o arrastar de um grupo de amigos tudo se começou a tornar um vício e onde as nossas conversas e rotinas do dia andavam em redor do voleibol. Mas confesso que nunca fui um brilhante jogador mas em contra partida encarava o treino com uma cultura acima da média onde ficava doente se tivesse que faltar a um treino.

2. O que levou a escolher a carreira de treinador tão cedo?
Sempre quis ser professor e já na altura estava na faculdade de desporto e surgiu quase no imediato um convite para treinar várias equipas da formação do Gueifães e depois desta forma fui-me viciando no treino.

3. Assumir o cargo de Seleccionador Nacional é um sonho tornado realidade?
Chegar a Selecção faz parte dos planos de qualquer treinador ambicioso mas confesso que não vivia sedento de tal função, sempre quis fazer esta minha carreira com muita segurança e sem ajudas de ninguém, mostrando na prática que quem trabalha de forma seria e dedicada terá pela certa a sua devida compensação. O convite para seleccionador não foi de agora pois já num passado recente o presidente me tinha proposto este desafio mas que eu entendi que não seria o momento certo para tal.
Da mesma forma que aceitei a Selecção posso certamente abdicar caso não me sinta motivado em continuar pois se há algo que sei que não quero é acomodar-me seja no que for e tão pouco servir-me do voleibol mas sempre servir o mesmo.
 
4. Qual a importância de ser o treinador português que fecha um ciclo estrangeiro de 14 anos? Torna-se uma responsabilidade acrescida?
Responsabilidade há sempre em treinar uma selecção mas claro que representar o treinador português mais ainda e apenas espero que seja o princípio do inicio do reconhecimento do valor do treinador português e ate mesmo para o exterior revelando que o treinador nacional tem capacidade de treinar em qualquer clube ou selecção do mundo

5. Qual tem sido o maior desafio desde que assumiu o cargo de Seleccionador Nacional?
Enquanto competição o maior será sempre o ultima envolvido e como tal a Liga Mundial foi um sonho extraordinário onde nesta competição está a elite do voleibol mundial. Sou sem dúvida um privilegiado pois tenho noção que muito poucos podem chegar a uma competição desta. Mas acredito que o maior desafio é manter o voleibol nacional no patamar mais elevado e isso será uma tarefa muito difícil estando o nosso voleibol a passar por uma crise de talentos fruto de um desinvestimento na nossa formação onde todos nos somos culpados.

6. Como reagiu aos resultados alcançados na Liga Mundial?
Já o assumi que senti um orgulho enorme uma vez que ninguém acreditava chegar tão longe onde deixamos uma excelente imagem e que deixamos marcas importantes na mesma competição, mas ao mesmo tempo revoltado comigo próprio e obvio com o grupo por não termos conseguido dar o ultimo passo que faria chegarmos a Final Four em Sidney. Por um lado merecíamos fruto do trabalho mas também tínhamos de ter feito mais depois de chegar tão longe deixámos fugir uma oportunidade única.
Eu fui o principal responsável pois não soube lidar com a situação.

7.  Olhando para o panorama do Voleibol Mundial, quais são os objectivosfuturos enquanto seleccionador?
Não será fácil ter outra oportunidade destas tal o nível altíssimo que esta o voleibol internacional por isso só podemos traçar metas de jogo a jogo e pensando sempre em formar o melhor grupo possível. Gostava de poder dizer que vamos estar num Campeonato do Mundo, Europa ou Jogos Olímpicos mas isso esta longe de acontecer tal são as dificuldades que temos sempre em formar um grupo competitivo. Basta olhar para a nossa actual Selecção e ver que temos na sua maioria, jogadores que não jogam nos seus Campeonatos, continuar, a formar uma equipa assim diria que se torna impossível de chegar muito longe.

8.  Esta é a altura certa de iniciar o processo de renovação da selecção, ou já deveria estar em curso há mais tempo?
Já é tardia mas tem de ser feita forçosamente tal é o cansaço e saturação de alguns jogadores que jogam na Selecção consecutivamente há mais de 10 anos. Mas maior do que pedir essa renovação é permitir que ela aconteça porque na verdade só não foi feito mais porque há uma falta enorme de novos talentos e que vamos certamente sofrer com isso. È urgente repensarmos nos moldes de captação de novos talentos e o trabalho com estes, a começar pelos nossos clubes e depois pelas selecções, caso contrário vamos ficar cada vez mais para trás.

9.    Como vê a sua carreira no Voleibol daqui a 5 anos?
Não vejo pois não faço grandes planos, procuro sempre viver o mais possível com o que me da prazer sem pensar muito no que será a minha carreira daqui a 5 anos. Espero que daqui a 5 anos continue no Voleibol com a mesma paixão que hoje tenho pois se assim for ainda estarei no Voleibol caso contrário irei abandonar.

10. O seu currículo já conta com alguns títulos nacionais, quais são os seus objectivos enquanto Treinador?
Os meus objectivos são muito simples que é fazer sempre melhor que ontem e poder aprender cada vez mais, pois cada vez tenho mais dúvidas e poucas certezas.
Enquanto treinador o meu maior objectivo é fazer parte de uma geração que vive um momento alto do voleibol Nacional em que cada vez mais possamos ver jovens a praticar Voleibol e onde a Nossa modalidade possa ser cada vez mais reconhecida por todos.

11.  No futuro ser treinador de Voleibol Feminino é uma opção?
Quem sabe possa ser um novo desafio tal é a margem de crescimento do Voleibol Feminino e onde muito há para fazer mas que na minha opinião peca por um problema de mentalidade na nossa jogadora.
Mas confesso que já esteve mais longe e ate muito perto de acontecer.

12. Na sua opinião, como vê a evolução dos campeonatos nacionais nos últimos anos?
Se tiver que pensar no nível do Voleibol actual diria que o nosso Voleibol está a retroceder 20 anos tal esta o amadorismo que nos estamos a fixar, deitando fora o trabalho bem feito de muitos anos dos nossos clubes. Ao mesmo tempo assumir que que não há jogadores de qualidade para tantas equipas. Desta forma sou da opinião de nivelar cada vez mais os campeonatos e com isto assumir uma posição de redução drástica do nosso principal campeonato para 8 equipas, permitindo jogos de melhor nível entre as equipas e ao mesmo tempo fazer uma segunda divisão também mais nivelada e mais competitiva e, esta sim com mais equipas a disputar.
Acho que, na impossibilidade de reduzir equipas, esta solução encontrada para os nossos campeonatos foi a melhor, pois numa fase do mesmo campeonato irá haver esse nivelamento de qualidade.

13.  Numa palavra como define o voleibol?
Loucura